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Arquitetos: Carvalho Terra Arquitetos
- Área: 400 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Manuel Sá
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício da Biblioteca Padre Moreau abrigou um dos primeiros espaços destinados ao ensino no Colégio Santa Maria, construído na década de 1950, o edifício sofreu diversas modificações e uma grande reforma na década de 1990 para que pudesse abrigar uma biblioteca. Passadas mais de duas décadas surge a necessidade de renovação do espaço de encontro das crianças e adolescentes com o mundo da literatura e uso das mídias digitais como ferramenta de pesquisa, para a formação de leitores críticos. O projeto foi finalista no Prêmio Panamericano na XXIII edição da Bienal Panamericana de Arquitetura de Quito, ocorrida em novembro de 2022 no Equador.
A biblioteca está inserida de forma estratégica no traçado urbano da instituição, no eixo da entrada principal, entre áreas verdes, no entroncamento de caminhos e fluxos entre os edifícios de ensino, administrativos e esportivos. O edifício está orientado segundo os pontos cardeais. Sua materialidade está relacionada as construções em tijolos aparentes das instituições de ensino norte-americanas, origem das irmãs que administram a instituição de ensino.
A estratégia principal foi recolocar a biblioteca como lugar de encontro dos alunos com o ensino, afim de se tornar um polo de atrativo para o debate, a pesquisa e o estímulo a fantasia e a criatividade. Para isso foi proposta a expansão da biblioteca para fora do edifício com a construção de três praças. A praça orientada para o nascer do sol foi coberta e tem seu acesso pelo interior da biblioteca. As outras duas praças com bancos e jardins possibilitam o uso para leitura e pesquisa ao ar livre. Em sua face mais sombreada os degraus funcionam com pequenos anfiteatros.
A preservação da memória e da materialidade existentes fundamentam a preservação da casca envoltória da edificação, ampliando suas aberturas para o maior aproveitamento da iluminação natural durante o dia e a utilização da ventilação cruzada em contraponto ao uso de formas mecânicas de climatização.
Para a configuração espacial interna foi proposta a demolição de todas as paredes, mantendo as paredes exteriores. Ao realizar esta operação foi descoberta a estrutura de madeira da cobertura e seus quatro apoios em concreto no centro da edificação. A estratégia adotada foi a construção de um elemento central que pudesse organizar o espaço para os acervos infantil e juvenil. Para isso foram propostas paredes que pudessem ser suporte para os livros e configurar áreas para contação de histórias, projeções, salas de vídeo e áreas de leitura. Essas paredes de livros poderiam ser uma barreira acústica para os diferentes usos propostos.
No centro do espaço e onde o pé-direito é mais alto foi possível a ocupação com um mezanino para a leitura próximo a estrutura de madeira da cobertura e o aproveitamento da iluminação zenital existente. Esse espaço foi rapidamente apelidado pelos usuários de casa na árvore. A materialidade proposta foi uma estrutura metálica com fechamentos em compensado naval. As áreas molhadas, sanitários masculino, feminino, acessíveis e copa para os funcionários foi concentrada para que o espaço pudesse permitir uma continuidade visual. O uso de cores, tapetes, carpetes, pufes, mesas e cadeiras de diversas alturas buscou diversificar sua utilização e tirar os alunos da configuração espacial presente nas salas de aula.